À medida que envelheço tomo mais consciência do significado da vida. Muitos mistérios vão sendo esclarecidos. Cada vez fica mais claro que o que sou hoje é resultado de cuidados que recebi. A começar pelos meus pais e de pessoas mais velhas. Depois, pelo que procurei entender sobre a vida.
Quando somos crianças, não temos noção de o que nos espera. Os adultos, muitos deles, sim. E, se amam seus filhos, dedicam-se para que também eles possam viver em plenitude até a velhice. E com sabedoria.
Quando nasce uma criança eu imagino como será o mundo quando ela chegar à idade que tenho hoje. Na comemoração do Natal deste ano, eu imagino Jesus aos 64 anos de idade. Mas isso acontece somente em minha imaginação. Segundo as tradições, ele está predestinado a morrer aos 33 anos, com muita dor e sofrimento. A morte do justo no lugar dos injustos.
Você pode crer que a morte de Jesus nos salvou para a vida eterna. Eu não. Eu não consigo.
Algo de mais sagrado em minha natureza não aceita que o criador de todas as coisas, especialmente de quem criou a vida, utiliza-se da dor, da tortura, do sofrimento e da morte do justo para salvar os pecadores.
Quando entendi o fio da meada desse enredo, ao longo a leitura da Bíblia, tive pena de Jesus. Tive pena de Maria e de José. Tive pena de seus amigos na difícil tarefa de convencer as pessoas de que a morte de Jesus era prova do amor de Deus.
Havia diversos outros caminhos para resolver as questões do mundo sem o sacrifício. Jesus, inclusive, citou um deles ao ser preso*.
Se não é possível mudar o passado, podemos mudar o presente, assegurando que as crianças que nascem hoje sejam protegidas, cuidadas e educadas para a paz. Que não se sacrifiquem mais inocentes no lugar de quem comete irregularidades.
* Mateus 26:53-54 (Se os anjos tivessem libertado Jesus, o Cristianismo começaria sem dor, sem sofrimento. A chegada dos anjos seria uma imagem de paz e de vida, estimulando a paz e o cuidado da vida. Conforme versiculo 54, isso não se deu. Por quê? Para confirmar a profecia de séculos antes, para que seus profetas sejam glorificados. Mateus preferiu valorizar quem fala em nome de Deus, mesmo comprometendo a imagem de Deus, mostrado como pai não protetor.)