Em caminhadas urbanas, conversando com todo tipo de pessoa, já ouvi muitas e muitas histórias como a que resumi no desenho.

Mendigos, empresários, turistas, comerciantes, policiais. Já ouvi relatos de assassinos que haviam matado por um impulso um parente, alguém muito amado na família. A grande bobagem de sua vida. Por isso mora na rua. Não fugindo da polícia ou da família, mas fugindo de si mesmo por não suportar a tragédia que provocou.

Propor armar a população é promover a tragédia social.

É muito equivocado o discurso de que gente de bem tem direito a usar arma porque bandidos podem.

Bandidos não podem. Usam porque um conjunto de fatores o levou a isso. Bandidos e gente de bem se confundem dentro de uma mesma pessoa. É impossível separá-las na radicalidade de se ter direito de matar ou ser condenado a morte.

Podem ser fatores internos, como psicopatia. Ou sadismo natural por seu cérebro não ter sistema de contenção do prazer pelo sofrimento do outro.

Há também sadismo adquirido, que pode ter o toque inicial por intrigas de torcidas de futebol. A cada desejo do sofrimento do outro no jogo, estimula mais o prazer pelo sofrimento do outro. Isso pode evoluir para agressão e assassinatos.

Gostam de armas porque elas não cansam. O tiro sai de impulsos automáticos, a pessoa não pensa para atirar.

O cérebro é complexo e subdividido em módulos que administram sensações diferentes. A falha em partes do cérebro ou estímulo de outras partes podem mudar radicalmente as atitudes da pessoa.

Precisamos ter cautela, conversar, dialogar até a exaustão, se necessário. Mesmo que o diálogo nos leve a exaustão, não é letal.

Dando um Jeito na Bagunça no Rio de Janeiro

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