Ideias que questionam regras econômicas, sociais e de poder dificilmente serão aceitas por todos. Em parte, porque há relações verticais de opressão, de privilégios, de medo de ser punido.

Em parte porque cada um vê o mundo sob um ponto de vista. Se as discordâncias são silenciadas, evitando o estudo e debate, podem se acumular, explodindo em conflitos irritados.

Tenho críticas e concordâncias sobre muitas afirmações de autores consagrados. Nesse texto, trato de um uma advertência de Paulo Freire que facilita compreender as dificuldades de entendimento.

Em seu livro Pedagogia do Oprimido, Paulo Freire diz: «Raros são os camponeses que, ao serem ‘promovidos’ a capatazes, não se tornam mais duros opressores de seus antigos companheiros do que o patrão mesmo. Poder-se-á dizer – e com razão – que isto se deve ao fato de que a situação concreta, vigente, de opressão, não foi transformada. E que, nesta hipótese, o capataz, para assegurar seu posto, tem de encarnar, com mais dureza ainda, a dureza do patrão.»

Precisamos tomar cuidado para não nos tornarmos opressores quando assumimos posição de liderança. O líder opressor faz liderados opressores. Todos somos líderes e liderados ao mesmo tempo, em uma relação hierárquica ou não. A busca de entendimento do outro horizontaliza as relações. O poder deixa de ser opressor e se torna educador e, especialmente, de aprendizado. Todos aprendem.

Por isso, minha orientação para a prática do 5S considera a vida em sua complexa interação com o ambiente, com a biodiversidade, com a diversidade cultural. Assim, o início da prática começa com a reflexão de cada praticante sobre seus desafios e oportunidades, agindo localmente, naquilo que ele conhece bem, sendo estimulado a desenvolver consciência sobre o todo.

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